Escrevi ouvindo Birdy - The A Team
As noites fora de casa podem ser insanamente agressivas quando não tem garantida uma boa companhia. A madrugada abraça, aperta, sufoca com verdades duras de ouvir. Até que ponto essas críticas crués são verdades ou verdades é uma palavra que dei para causar eufemismo no caos que me fez sentir ser tão insuficiente esta noite?
Chorei. Me senti sozinha, mas não completamente. Quis ficar sozinha. Quis ficar na minha. Precisei voltar pra minha zona de conforto. Limpar as lágrimas do meu rosto e procurar rir de alguma coisa logo em seguida para aliviar o fracasso que eu me senti. Não quero comer nada. Estou bem assim. Não quero, além de me sentir incompetente, também me sentir gorda.
Apaguei as luzes. Solitude. É bom extravasar em choro às vezes, como se tudo estivesse prestes a desmoronar mesmo. Mas o mundo real está chamando. Não quero voltar ainda. Está tarde, mas eu odeio dormir quando o último sentimento que passou pelo meu coração foi ruim. Uma leitura cairia bem. “A sútil arte de ligar o f*da-se”: perfeito! O meu trecho favorito da madrugada dizia assim:
“Você vai apreciar cada vez mais as coisas simples da vida: os prazeres de ter amigos, criar alguma coisa, de ajudar alguém em necessidade, de ler um bom livro, de rir com alguém de que você gosta”
Que chatice, não? É porque tudo isso é comum. Mas talvez seja comum por uma razão: porque são as coisas que realmente importam.”
A vida pode nos empurrar de um precipício de vez em quando questionamos se estamos felizes, se estamos sendo bons o suficiente e se o que vai acontecer daqui um tempo é o que estamos planejando – em palavras mais duras: a ansiedade pode dar um empurrão para cogitar um suicídio. Mas, depois de ler isso, eu me senti mais leve como se pudesse voar outra vez depois de ter me permitido jogar abaixo.
Existem coisas simples na vida que realmente podem nos fazer felizes. Por que nos esquecemos delas? Estamos sempre com pressa para coisas extraordinárias que não acontecem da noite pro dia, que não se alcançam com uma caminhada matinal. E se queremos ser extraordinários, primeiro precisamos ser pacientes. Cheque-mate em todas as outras verdades que eu inventei. Paciência é sempre a palavra-chave para resolver todo tipo de problema.
Então, eu percebi que finalmente poderia dormir em paz com o meu coração por ter as coisas que realmente importam. Em alguns dias, parece insuportável a ideia de olhar para mim e admirar que eu sou porque ainda estou distante que quem eu quero ser. É uma luta com meus problemas psicológicos para aceitar o amor por quem estou me tornando.
Pela manhã, acordei com tanta dor no estômago que mal conseguia andar. Foi péssimo. E percebi o quanto eu ainda sou vulnerável e o quanto meu corpo acompanha a minha saúde mental. Tomei um remédio. Passou ainda agora. Tentei prometer para mim que eu não me descuidaria mais. Nunca vale a pena me punir assim. É estranho notar agora que foi mais uma recaída. Mas tudo bem. Não posso ser tão dura assim comigo mesma. É hora de voltar aos trilhos com fones de ouvidos que me lembrem dos começos que me deixam feliz.