Crônica

Leia caso esteja tendo um dia ruim

Há um tempo que tenho pensado em arquivar alguns posts que escrevi na adolescência aqui neste blog, mas como eu estou no Amapá, a internet aqui é bem ruim para dar conta de reformar o blog.

Na última quarta, meu coração ficou tão partido. Eu tentei esconder. Tive tanta vergonha de falar sobre isso. Eu tenho vergonha de sentir demais. Eu achava que sentir demais era coisa de adolescente. Olha eu aqui, adulta e independente, chorando por (ausência) amor. De novo!

Eu não consigo disfarçar as emoções por muito tempo…

Uma amiga me disse que eu não deveria invalidar meus sentimentos. Que eu deveria abraçar um pouco mais a minha dor e aceitar o que eu tava sentindo.

Eu lembro que deitei no sofá e me abracei. Meditei sobre o que estava acontecendo e sobre como estava sendo difícil lidar com isso. Chorei feito uma criança que perdeu o seu ursinho de dormir. A dor da perda dói demais, mas eu percebi que uma hora a gente para de chorar um pouco e pode ir tomar uma água para acalmar um pouco mais.

Decidi que seria bom compartilhar e que eu não usaria eufemismo para me expressar. Pelo contrário, até exagerei. Coloquei pra fora. Me senti mais leve. É impressionante como quando a gente divide, realmente diminui um peso da gente.

Ainda não estou bem, não totalmente. Ainda não estou pronta para o vem depois disso. Mas, com quase vinte cinco anos, estou aprendendo que a gente pode amar várias vezes. Eu só tentei três vezes até agora. Talvez fosse mesmo muito cedo para encontrar o amor da minha vida. E também tenho aprendido que, a cada relacionamento, a gente sai mais maduro e sabendo lidar melhor com os outros que poderão vir.

Não é papo furado que os relacionamentos ensinam a gente. Os meus me ensinaram a ser uma pessoa melhor para quem for chegando depois.

Eu sou a última romântica, eu confesso!

Eu admito que amo estar apaixonada e a vida é mais colorida fazendo breguices a dois.

Até o amor acontecer de novo, eu vou me cuidando e me preparando.

Escrevi aqui porque os últimos dias foram intensos, mas o conselho que eu recebi me ajudou muito a me sentir um pouco melhor. Espero que ajude você também, caso esteja tendo um dia ruim.

Crônica

O amor já não é aquele sentimento que chega bagunçando tudo

Escrevi ouvindo Willow – Taylor Swift

Estou descobrindo o amor que eu quero, mas antes dessa fase eu precisei passar por todos os doloridos estágios do amor que eu não quero. E sobre o que eu não quero eu já tenho marcas e certeza.

Ao passar dos relacionamentos e com a maturidade, consegui listar tudo o que é inegociável e me tira demais da zona de conforto. A minha ideia de amor já não é aquele sentimento que chega bagunçando tudo e causando adrenalina. O amor que eu quero precisa ser calmo, manso para colocar as respostas naquilo que eram dúvidas.

Quando a gente entende os nossos limites, a gente se torna mais exigente sobre quem vai receber em casa, deixar entrar na nossa vida e morar no nosso coração. E tudo bem se você ainda não deu certo com alguém até agora, talvez você só esteja mais exigente… E a pessoa que vai conseguir te abraçar, te entender e amar de verdade ainda está, de alguma forma, sendo preparada para esse momento. Por que tanta pressa?

Crônica

Do que adianta um jantar romântico com alguém que se tornou um estranho?

Eu nunca me importei se um dia escolheria um vestido branco para subir num altar. Houve um tempo que eu acreditei que precisava disso. É foda pensar que a gente precisa de algo que a gente nunca se importou. Quem colocou isso na minha cabeça?

Passado.

Ontem mesmo eu assisti um vídeo de um casamento e fiquei arrepiada! Lembrei que, na época que eu tocava violino, era meu sonho tocar num casamento e viver aquela emoção junto com as pessoas ali. Mas subir no altar nunca foi meu sonho. Muito menos subir de branco.

Não sou uma pessoa romântica. Descobri que não são as fotos com declarações de amor que salvam um relacionamento. Não são as serenatas. Os passeios e viagens. Isso não salva quando não existe mais conexão com aquela pessoa. Do que adianta um jantar romântico com alguém que se tornou um estranho? É por isso que um rosto bonito ou um astral legal podem não ser suficientes se não tiver uma conexão.

E conexão não é tanto sobre se o outro está servindo aquilo que você espera. É mais como você se sente quando está com a pessoa. Quando a paixão acaba e o amor desgasta, qualquer favor que aquela pessoa faça por você não vai fazer tanto sentido. Porque o amor é sobre sentir e não sobre coisas.

Fez sentido?

Mas é óbvio que se você tem uma conexão, tudo o que a pessoa faz por você, pra você e com você se torna muito mais especial. Pequenos gestos se tornam mais significativos. Isso porque não é sobre os gestos, mas a pessoa e o cuidado que ela tem em se conectar com você. Foi isso de aprendi do meu último término para o meu novo relacionamento.

Pode ser que eu esteja apaixonada de novo, com essas ideias malucas na cabeça sobre o amor, e eu posso mudar de ideia depois. O importante é que mesmo assim eu não penso sobre vestido branco e altar. É bizarro dizer que escrevi isso ouvindo Dance Of Death do Iron Maiden?

Crônica

Posso dizer que me doei e doeu

Escrevi ouvindo Cry Baby – The Neighbourhood

Passei os últimos anos tentando amar e me esforçando para ser amada. Acredito que todo mundo tem um tipo de vazio. Eu queria uma pessoa para trocar calor durante as noites de inverno e tomar banho de mar nos dias de verão. Eu queria financiar uma casa e viajar a dois e talvez até casar no cartório. Eu queria tanto. Mas não basta só a gente querer.

A convivência estraga os contos de fadas. Por que as histórias param no “se casaram e foram felizes para sempre”? O que vem depois do casamento a gente não aprendeu na infância, na adolescência e só descobre mesmo quando brinca de casinha na vida real.

Posso dizer que me doei e doeu. Dói brigar demais por uma coisa que não pertence a gente. É como calçar todos os dias um sapato com dois números a menos. Fazia calo. Não servia mais.

Andei meio desconectada e me encontrando agora. Estou tentando me apegar ao que a astrologia previu para entender melhor os ciclos (mas olha que nem acredito nessas coisas! rs). Estou me levando para distrair. Dançar. Me envolver mais na vida e em outras vidas outra vez também.

Fazia tanto tempo que eu não sentia que poderia ser eu mesma. Não pensei que teria coragem para isso, mas estou me apaixonado por mim mais uma vez. Estou abraçando minhas vontades e minhas vulnerabilidades. Apesar de eu gostar de ficar sozinha, eu sei que poderia estar morrendo de medo dessa nova fase sozinha numa cidade grande, mas eu estou animada!

Crônica

Você já experimentou gostar de alguém de graça?

Escrevi ouvindo All Too Well – Taylor Swift

Eu, aos vinte e três anos, vim parar numa cidade do outro lado do país sem conhecer ninguém. Eu gosto de ficar sozinha, do meu tempo comigo mesma e até das vozes da minha cabeça. Mas tem uma hora que eu sinto que vou ficar maluca de tanto falar comigo mesma e preciso conversar com (outro) alguém de verdade, sabe?!

Eu sou introvertida. Não gosto de ser a amiga que envia mensagem. Não quero incomodar e principalmente: eu descobri que é porque eu morro de medo de ser rejeitada!

Estou aprendendo a lidar com isso. Estou experimentando gostar das pessoas de graça, mesmo que elas nem gostem tanto assim de mim. Estou experimentando ser legal mesmo nos dias que eu não me sinto bem-humorada. Eu também descobri que amo fazer as pessoas sorrirem, incentivar a realizar seus planos, conhecer suas formas de pensar… Eu confesso que me sinto mais confortável ouvindo do que falando.

E foi assim que comecei a criar amizades na minha nova cidade. Gostando de graça.

Eu realmente não me importo tanto com os riscos de dar errado ser uma pessoa boa com novos conhecidos. A real é que a gente nunca sabe quando alguém pode fazer mal pra gente. E todo mundo pode (até mesmo os amigos de longa data!). Se formos realistas demais, vamos nos fechar para o mundo e eu não quero conhecer a cidade sozinha. É mais legal quando tem alguém pra mostrar pra gente. Eu gosto disso!

Morando em Florianópolis, eu tenho aprendido a esperar muito menos das pessoas. Estou me entregando mais e aceitando o que o Universo quiser me enviar, sabe? Quero aprender. Quero aprender com os meus erros, quero aprender a perdoar e a pedir mais desculpas também. Eu já perdi tantas amizades que eram importantes pra mim por ter sido imatura e não saber valorizar anos atrás.

Eu não quero ser maluca de conversar o tempo inteiro só com as vozes na minha cabeça! rs

Sempre tive medo de relacionamentos – familiares e amizades também – porque, quando a gente gosta mesmo, a gente fica vulnerável. A gente se importa. A gente cria expectativas. A gente espera que os relacionamentos sejam sempre uma troca e uma troca justa. Às vezes não são. Se você gosta de graça, sem esperar tanto, você se machuca menos com seus relacionamentos.

Então, o que eu tenho sido é aquela amiga que você pode contar pra tudo. Enquanto fizer sentido pra gente. Você não precisa devolver tudo o que tenho entregado agora porque é de coração, mas se puder e quiser entregar é óbvio que vou me sentir amada e querer fazer mais parte da sua vida. E se você não consegue me entregar, vou respeitar o seu tempo, o seu jeito ou suas questões internas. É sobre isso.

E é claro que eu também acredito na energia das pessoas e consigo perceber quando um relacionamento me faz mal e sei a hora de ir embora. Espero que com a gente não seja assim.

Mas e sobre você… Você já experimentou também gostar de alguém de graça?

Crônica

Sobrevivi a crise dos vinte e poucos anos

Oi, sumido! Voltei a escrever depois de, sei lá, mais de um ano?

Minha vida andou meio confusa. Em um ano: eu mudei de endereço, mudei de emprego, me formei em Relações Internacionais, fiz o curso de comissária de vôo, desisti temporariamente da ideia de fazer a prova da ANAC e agora decidi que quero continuar trabalhando em empresas de tecnologia. Em meio a tantas mudanças, minha vida está mais organizada agora.

Eu sei que existem alguns adultos por aí dizendo que a vida adulta é uma merda. Bom, o que eu posso dizer é que eu gostaria de ter tido uma mãe nas horas que as coisas apertaram. Nas últimas semanas, eu estava desesperada atrás de um apartamento mais barato para alugar, fazendo processo seletivo para uma nova empresa, usando meu cartão de crédito pela primeira vez e mais do que nunca precisando de um rivotril. O problema que eu não tinha receita para conseguir o medicamento. Um abraço com amor materno poderia me deixar mais tranquila, será?

Nossa, esse mês é tem o dia das mães, né? Eu não gosto de maio.

Mas continuando…

Apesar de tudo isso, eu gosto da vida adulta. É desesperador, mas, se você faz boas escolhas, pode ser libertador também.

Estou numa fase de começar a tomar decisões mais difíceis. Tem gente que pensa que os pais sabem de tudo. Eu até gosto de pedir conselho às vezes, mas eu prefiro pesquisar no google antes de ouvir as pessoas. Isso me ajuda a filtrar os conselhos que vou receber. Eu gosto dessa autonomia e o fato de não precisar dar tantas satisfações. Eu fui uma adolescente muito presa. Eu gosto de sentir que se hoje eu não saio muito de casa, pelo menos, é por (minha) opção ou a culpa disso é a inflação. Está muito caro sair de casa, gente!

Nesse último ano, eu escrevi nada. Eu guardei muitas coisas. Estava organizando tudo o que se passava na minha cabeça. Passei pela crise dos vinte e poucos anos, passei pela crise pós-formatura acompanhada uma das maiores questões que já tive na vida que é: “o que eu faço agora que terminei a faculdade?”. Depois dessas fases, e de conseguir responder algumas perguntas internas, me sinto mais confiante para voltar a compartilhar minhas ideias com o mundo.

Te vejo no próximo post?

Estou de volta, bloguinho. ❤

Crônica

Se te salva de um dia horrível, importa sim!

Escrevendo porque certamente eu não estou sozinha nessa.

Não sei como começar a desembolar esse monte de coisa que a gente deu o nome de ansiedade para simplificar tudo e tornar mais fácil de explicar…

Embora tenha um nome agora tão mais conhecido, não significa que seja tão pequeno e simples assim o que acontece com a gente. Dizer que é só ansiedade nos poupa desgastar como se ainda não estivéssemos tão cansados, nos poupa de precisar debafar outra vez, nos poupa de sentir cada célula agitada para encontrar motivos e remédios mais fortes. É que se um, dois, x comprimidos, não solucionam, os pesadelos acabam voltando. E, às vezes, falar, colocar para fora, encontrar as palavras certas seja complicado demais para quem não consegue sequer pôr em ordem os próprios pensamentos.

Eu não tinha ideia de que minhas preocupações eram um reflexo negativo de levar a vida a sério demais. Me preocupei com as contas, com os prazos da faculdade, sobre como me encaixar no mercado de trabalho outra vez, sobre como gerenciar minha vida numa nova cidade. Comecei a me sentir impostora mesmo diante dos meus justos méritos. Perdi o sono. Perdi a fome. Perdi o ânimo. Perdi a vontade de levantar da cama. E até a internet inteira perdeu a graça. Nada me faria sair de casa, a não ser uma emergência. Dor de barriga. Náuseas. Nada parava no estômago. Pânico. Hospital.

Levei a vida a sério demais?

Parei para refletir um pouco sobre o que seria levar a vida a sério e concluí que eu não quero sentir outra vez que estou perdendo o controle, esquecendo da realidade. Porque a realidade é que sem saúde a gente não vai longe, a gente não faz as coisas mais importantes. E, apesar disso, eu provavelmente eu nunca vou conseguir ser como essas pessoas que não se importam tanto. Estou tentando aprender a me importar com as coisas que realmente fazem a vida valer a pena. Talvez a arte faça a vida valer um pouco mais a pena, não é? E se eu me preocupasse em aprender um instrumento novo? Comprei um ukulele, que tem sido motivo das minhas alegrias diárias.

Coisas bestas importam.

Quando eu era adolescente, eu costumava ouvir como algumas coisas não levavam a nada. Como minha dedicação na música não iria me fazer entrar numa faculdade, por exemplo. Fui tão programada a me preocupar com coisas sobre dinheiro que minhas metas, minha idealização de sucesso, ficaram longe demais para quem estava buscando começar a vida numa nova cidade em plena pandemia. Tudo bem se preocupar com esse tipo de coisa, mas não a ponto de parar em um hospital outra vez. E hoje tenho certeza que coisas “bestas” importam se elas te salvam de um dia horrível ou de uma crise de ansiedade.

Que a gente saiba perder esse medo de ser feliz a cada dia. Que a caminhada possa ser colorida. Que a gente consiga olhar as coisas ao redor e ver Deus nas coisas. Que a gente busque a paz na simplicidade porque assim a gente pode dormir tranquilo a cada noite. Que a gente não tenha vergonha de levar a vida de forma mais leve. Os fins de tarde na praia a toa, uma conversa com os amigos, os novos memes na internet, maratonar uma série, mudar o cabelo, que a gente não sinta culpa em nos fazer feliz. Algumas coisas podem esperar, não podem? Que a gente tenha saúde para realizar cada uma delas quando for a hora certa.